Fora de mim há vida,
Sol e companhia
Para esta viagem na qual entramos
Sem saber que entramos
Entrevendo alegrias e dores
Da carne e da alma
Momentos em que passamos
Apenas vendo sem ver
a paisagem
Nós, para sempre nómadas
Inventando sentidos e destinos
E no fim a despedida
Para outra viagem
E no fim uns corações
cheios de nada
Outros cheios de vida
E no fim tudo é pó
Todas as memórias, um sonho
Ao longe, em névoa
Todas as paisagens, um quadro
Todas as horas, segundos
Todos os momentos, distantes
Todo o tempo, apenas tempo
Nunca soubemos para onde íamos
Agarrámos pedaços de nada
E o nada possuímos
Viajantes sem rumo olhados
De cima por um céu grandioso
Cruel, na sua passividade, mas sempre
Grandioso
Nas voltas da vida giramos
Embalados inertes, tão pequenos,
Sozinhos num mar revolto,
Com miragens, ao longe, estepes
Com promessas de Sol e vida
Contra correntes lutamos,
Pelo conforto, por um lugar
Procurando sem nunca encontrar
Querendo sem nunca poder
Desejando horizontes impossíveis
E possíveis, mas tão pequenos somos nós
Para esta viagem,
Debaixo deste céu
que nos contém
Presos aos nossos corpos lassos,
Aos nossos sonhos, mal sonhados
E os nossos corações endurecem
Pelo caminho,
Pelo frio de janelas
Que ninguém fechou
Pelas pedras nos carris
Que ninguém tirou
Pela viajem, tão longa,
Às vezes
Mas afinal tão curta,
No fim.
MF
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