sábado, 25 de janeiro de 2014

Tempo


 
Tempo, Tempo, Tempo
Eterno viajante.
Amante da Solidão.

Hoje, tornas-me Passado.

As Memórias ficam,
De Antigas glórias,
De Sonhos completos.

Mas também as mágoas,
As penas,
Pesam na alma.

Por isso, Dá-me Tempo,
Para sorrir
Àqueles que detestei.

Nu de raiva,
Nu de vingança,
Dá-me Tempo.

Sem palavras de ódio,
Sem olhares ressentidos,
Antes de morrer.


Ontem o Sol nasceu
Uma última vez
Para mim.

Quis despedir-me,
Mas as lágrimas
Prenderam-me as palavras.

Tempo, Tempo, Tempo,
Porque passaste
Sem esperar por mim?
 
Tantos sonhos,
Outrora perfeitos,
Desvanecidos pela idade.

Agora, sem Tempo,
Agora, sem Sonhos,
Choro por mim.

Choro pelos que virão
Cheio de Sonhos,
Para o Tempo os levar.

Choro pelos que foram
Cheios de diferenças,
Cheios de Igualdades.

Choro pelos que ficam,
Aqueles que ainda sonham
Sem realmente acreditar.

Oh Injusto Tempo,
Levas-me o velho corpo
Sem envelhecer a alma.

Comandas a vida,
Comandas a morte,
Mas não me comandarás.

Uma bala na cabeça,

Pelos que vêm.
Pelo que foram.
Pelo que ficam.

Uma bala na cabeça,

Por mim.
Porque no fim do Tempo
Só eu me interesso.


Pedro Nunes

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