sábado, 1 de fevereiro de 2014

Nos meus poemas vive a dor

Nos meus poemas vive a dor.
Acumulei-a com a vida,
Em tudo o que me deixei perder.

Refugiei-me nas palavras,
Foi o mais perto que consegui
De pertencer a algo, a alguém.

Na solidão, nada mais tive que sonhos.
Perdi-os com o tempo,
Que me levou também a esperança.

Agora já não sonho,
Mas antes, quando sonhava,
Conseguia ser feliz, ainda que só por momentos.

No meu mundo, era inteiro.

A idade era um número,
Não me governava.

A morte, uma lenda,
Histórias para crianças rebeldes.

Tinha as rédeas do Tempo,
Nada mais precisava.

Vivia os sonhos de mil homens,
Mas sem os viver.

E quando abria os olhos,
Voltava à mesma solidão,
Que me consumia, que me consome.

Era tudo num universo de nada,
Mas ao voltar, a escuridão revelava
Que era afinal nada, num universo de tudo.

Hoje, já não sonho.
Já não vivo em mundos imaginários,
Apesar de eles ainda existirem.

Mas a escuridão mantém-se.
Ecoa na minha alma
Em cada momento que passa.

Nos meus poemas vive a dor.
Acumulei-a com a vida.
Mas hoje despeço-me.

Liberto-me, por fim.

1 comentário:

  1. Olá :)

    Fiquei surpreendida há 2 dias quando descobri este blog e me apercebi do quão belo era. :) Fiquei duplamente surpreendida ao ler um poema da Mariana. :) E agora fiquei triplamente surpreendida ao ler um poema teu. :) Fico sinceramente sem saber bem o que dizer. :)
    Boas leituras e boa escrita

    Rosana
    http://bloguinhasparadise.blogspot.pt/

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