quarta-feira, 25 de junho de 2014
Ananque
Estávamos sós, neste mundo. Talvez o tempo tenha parado para nos ver, para nos reter nos olhos que não tem.
Os momentos mais breves são os mais intensos.
Um dia, sei, sinto e vejo, tu e eu, os rios que somos, a correr desgovernados, emaranhados numa corda chamada destino.
Tropeçaremos - Até nos vermos, eu daqui, tu daí.
Tão longe, talvez sempre tão perto.
Inútil qualquer tentativa de falar além do olhar e do silêncio.
Nunca mais nos abraçaremos.
Encontrar-te-ei no mar e verás porque fui, porque não fiquei.
Tropeçaremos - Até nos vermos, eu daqui, tu daí.
Num café, num comboio, na estrada, ver-te-ei, como se houvesse poesia sinistra nesta casa de todos nós.
Como se conspirassem para nos vermos uma última vez.
Despedirmo-nos sem ressentimentos, sem palavras.
Convencer-me que não fomos um sonho.
Estás mais velho, estou mais velha. Já não somos nós, mas eu sou eu, quem fui ou serei.
O ar que compartilhamos não é mais nosso. Inexpugnavelmente nosso.
O tempo seguiu o seu rumo, nunca fomos nada. Nada para além do que inventámos.
Ecoamos todos, para sempre, dentro de alguém, nas palavras, nas músicas que fizemos nossas.
Tivesse eu a arte para escrever tudo o que faz vivo um coração,
tudo o que me fez viva.
o melhor poema de sempre.
MF
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