domingo, 29 de junho de 2014

Norwegian Wood - Crítica


Título: Norwegian Wood
Autor: Haruki Murakami
Editora: Civilização Editora
Nº de Páginas: 350

Sinopse:

Ao ouvir a sua música preferida dos Beatles, Toru Watanabe recorda-se do seu primeiro amor, Naoko, a namorada do seu melhor amigo Kizuki. Imediatamente regressa aos seus anos de estudante em Tóquio, à deriva num mundo de amizades inquietas, sexo casual, paixão, perda e desejo - quando uma impetuosa jovem chamada Midori entra na sua vida e ele tem de escolher entre o futuro e o passado.
Este livro melancólico descreve o amor de um intruso solitário à deriva num mar de tragédia e paixão. Com o movimento contra a Guerra do Vietname como pano de fundo, Norwegian Wood usa uma linguagem profunda para falar de uma pessoa forçada a dar o melhor a fim de transformar os sonhos de um rapazinho no destino de um homem.

Crítica:

               ♫ I once had a girl,
                  or should i say,
                 she once had me.



   Assim são os três primeiros versos da música que dá nome a este livro, Norwegian Wood, dos Beatles, que é também a música favorita de uma das protagonistas, Naoko.
Toru Watanabe, recorda-se do seu primeiro amor atribulado ao ouvir esta música, anos mais tarde.
" Nunca te esquecerei- disse-lhe. - Nunca conseguiria esquecer-te.", é esta a promessa de Toru a Naoko, no entanto ele escreve incessantemente para não a deixar partir da sua memória.
Naoko namorava com Kizuki, melhor amigo de Toru, que tragicamente se suicidou, deixando-os ambos, desamparados, e mais tarde envoltos num dilema entre o certo e o errado, entre ficarem juntos ou separarem-se. Naoko não resiste à depressão, que tem raízes mais profundas, e é encaminhada para um sanatório no meio das montanhas, onde tenta convalescer por meio da entreajuda da comunidade e do isolamento do mundo exterior. 
   Entretanto, Toru vagueia por Tóquio dos anos 60, escrevendo cartas a Naoko e isolando-se cada vez mais, não antes de um período cheio de aventuras sexuais com o seu curioso amigo Nagasawa, cuja filosofia de vida o impele a dormir com centenas de raparigas anónimas a despeito da maravilhosa namorada que possuí, Hatsumi,  que tudo tolera de forma estoica e condescendente. Esta história em particular, deu origem a várias reflexões sobre o que é afinal o amor.
   Posteriormente, uma nova fascinante personagem aparece na vida de Toru - Midori, uma rapariga genuína, aparentemente meio louca, cheia de energia e com um toque de perversão sexual que chega a ser humorístico. É ela que dá vida a Toru, é ela que o impele para o futuro quando este está preso ao passado, Naoko, que nunca deixou de amar Kisuki, e apenas anseia por voltar para junto dele, noutro mundo. Midori é talvez a minha personagem preferida, juntamente com Reiko ( a companheira de quarto de Naoko no sanatório, que toca entre outras, Norwegian Wood, para Naoko, na guitarra) e mais tarde Toru perceberá que também a ama com uma amor que difere daquele que sente por Naoko,( um amor plácido, quase platónico), pela sua vivacidade, pela vida que se lhe influí cada vez que está com ela. A relação entre Toru e Midori vai-se desgastando aos poucos, pela incapacidade deste em viver no presente e dar o merecido valor a Midori, que representa a vida, no entanto, ele terá de fazer a melhor escolha para si, amando duas pessoas, entre esperar pelo que pode não vir ou agarrar-se à felicidade, tão perto de si...

   É o meu primeiro livro deste autor e apaixonei-me por completo, de uma só assentada, pela sua escrita poética, complexidade dos personagens, reflexões que levanta e riqueza de referências culturais que nos dizem muito acerca da cultura e gosto do autor, tão influenciado pela nossa cultura ocidental : O grande gatsby, A montanha mágica, The catcher in the rye, Beatles, Miles Davis, Bach, Truman Capote, Coca Cola, entre outros. Considerado o livro mais " mainstream" e romântico deste autor, Norwegian Wood, está imbuído de uma sensibilidade e simplicidade aparente, belissímas. No entanto, o excesso de erotismo poderá desagradar a leitores mais conservadores e recatados.
Penso que estava com o estado de espírito certo para que este livro me marcasse profundamente - Uma história sobre o amor, a nostalgia, a memória e a morte, como fazendo parte da vida.

Nota: 8/10


MF

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