sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Outros misantropos



II

Ah! Inventas razões para verteres lágrimas
como se o mundo a seu tempo não te as desse!
- amargas, injustas, impetuosas, salgadas...
de onde veio essa súbita ânsia de cravar
gumes frios nesse puro inocente coração?
és tanto mas não te deixas ser,
a vida está cheia de vida, sorve a vida
inspira e expira e purifica, este ar viciado
o Sol aquece as mãos mais frias,
acalma e acalenta as mentes mais doridas
e tens o céu que te lembra que só está só
quem fita o chão e deambula sombra
quem se perde nos labirintos da alma
quem se dispersa do mundo e de si.

Repito: Não sabes tu que és puro?
 - ris como as crianças, que sabem sem saber,
a virtude de sentir e não pensar e viver
mas sofres na solidão, com tudo aquilo
que escondes na multidão,
sofres essa dor inventada, essa cruz
de te sentires louco e triste só por ser
esse medo do abandono, meu amigo,
medo infundado, medo monstro que paralisa...
Lembra-te que me fazes rir.
Lembra-te que tens mil canções dentro de ti.
Lembra-te que tocaste nesta alma que escreve
sobre todos os que a fizeram sentir viva.

MF





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