segunda-feira, 6 de outubro de 2014



[palavras]

Afirmam-se, hoje, furtivas na solidão, correm como rios de uma qualquer inspiração divina. Só eu sei o quanto elas me queimaram cá dentro, numa paranóia muda. Quão dolorosamente se me faltaram nas horas prementes, vis traidoras de poetas. Chamaram por ti numa língua não inventada, que se extingue sem som e apenas deixa no ar uma espera, uma expetativa, um silêncio ausente, mas tão cheio. Debatiam-se como quem tenta, em vão, chamar a atenção do outro lado de um vidro, dentro de uma máquina em movimento. Tão perto, tão quase. Tarde demais. Olha. Vira-te e entende a mímica parada dos meus lábios, dos meus olhos. Não é necessário som. Os gestos, o desespero arrastado de um querer derrotado - dizer-te algo antes de partir. E eu fui, sem querer ir.

MF


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