sexta-feira, 24 de outubro de 2014





Quero que me olhem com a sede sadia das areias sorvedoras
anseio um mar
sabe a morte a solidão e o desconhecimento do sentido de mim
além de mim
eu vim para ser maior que a vida, tudo o mais é desperdício,
dança vagarosa de um corpo que come e bebe e anda
sem direções

Quero que me queiram sem querer ter porque eu sou de ninguém
que me queiram pelas galáxias
e infernos inventados
dentro de mim
imploro por vida,
extingue-se a cada dia os sonhos formulados
em cada insónia
eu morri mais vezes que os outros mas ainda me tenho

Quero ser a maresia assinalada nas janelas de ti,
as lágrimas sinceras, daquelas puras diante dos poemas belos
sentir-te o olhar na visão periférica

mas o que sou eu?
para causar o pasmo semi divino de quem viu o céu pela primeira vez
sou só eu
por detrás do mistério com que me acho
sou só eu
que me vejam por detrás das montanhas, que desbravem os mares,
sou só eu
e não sei se chego a alguém.

MF

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