quinta-feira, 18 de dezembro de 2014




17 de Dezembro

habitas em mim - sombra de quem nunca foste. vives comigo, vives comigo sem corpo, sem rosto.
destabilizas-me à distância cada equilíbrio tecido nas horas lúcidas. já chega - presença que se estende por dentre cada resquício craniano e que oculta o mundo. nunca fui de ti, porque ficaste? vai-te, dá espaço à vida e a outras fantasias, eu sei que matamos por poesia, o puro inexistente para adornar o tédio, mas não faz mal -  ensinaste-me que a ilusão dá vida e eu hoje estou fraca - quero fingir que há poesia fora das palavras e que estas podem ser substituídas por um sentir silencioso e eloquente. quero o embate que arrebate o meu peito tão parco de juventude e te extinga, te expulse e te exile de mim porque não posso mais ser hospedeira de fantasmas. 
pesas-me, mesmo não tendo peso. ficaste, mesmo não expirando a mais ínfima das poesias com que te adornei, te enalteci.
pesas-me, 
meu nada tanto, 
meu nada tóxico vital.
sorves-me a vida, não me dás vida, suja memória de uma idealização.

oh alma, porque não te livras de fantasmas?



MF

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