[inteira]
ansiava o roteiro das estrelas, apaixonada sempre pelos infinitos.
ansiava o vasto maior que eu, desfazer-me num fogo que me enlevaria.
ser consumida por um mar ou esmagada leve pelo céu.
ansiava sorver um instante etéreo, segundos de uma vida inteira.
fundir-me à terra que piso cada dia.
ser atravessada pelos ventos áridos de todas as montanhas.
beber de todas as águas.
sentir, tocar, atingir, o cerne do tacto, dos veludos e das areias, com cada átomo do meu corpo.
ansiava beijar e fingir que ficou gravado algures como hino imortal humano, porque o universo é lato o suficiente para reter milhões de cenas e o tempo existe atrás, aqui e além de nós,
ansiava encaixar no mundo todas as minhas ficções e ornamentos e cantar que o tempo paira orgulhoso sobre um nós mais que vivo, mais que mortal, mais que animal.
ansiava a estabilidade e eficácia de todos os meus planeamentos, a superioridade da imaginação, a certeza de um amanhã que apenas o destino saberia.
ansiava descobrir aquilo que necessito de descobrir e que me foge ante a razão.
ansiava encaixar no mundo todas as minhas ficções e ornamentos e cantar que o tempo paira orgulhoso sobre um nós mais que vivo, mais que mortal, mais que animal.
ansiava a estabilidade e eficácia de todos os meus planeamentos, a superioridade da imaginação, a certeza de um amanhã que apenas o destino saberia.
ansiava descobrir aquilo que necessito de descobrir e que me foge ante a razão.
ansiava absorver toda a eletricidade estática, deitar-me nas ervas e fitar as estrelas, dizer a mim mesma que tudo de processa para vários entendimentos fugazes mas estrondosos, que nos enchem o coração com todo o calor de cada humanidade extinta, cada abraço, cada história, cada memória.
ansiava o veredicto de que não há olvido ou perda ou morte, apenas vida, porque podemos ser tudo, porque a alma tudo abrange.
ansiava o tudo. os olhos desbravavam o céu noturno enquanto a vida passava,
ansiava o tudo, mas o tudo tudo consome, e eu às vezes vejo sentido em ficar e sentir, aos poucos.
MF
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