quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015





02 02 2015  1h30

And there's taste in my mouth
As desperation takes hold
Just that something so good
Just can't function no more
But love, love wil tear us apart, again
Love, love will tear us apart, again
Joy Divison 

O imortal finda fulminante e deixa destroços para amar, é um corte limpo com um quê de tragédia; O mortal degenera no fim do mistério, no cansaço dos dias. O imortal quer-se puro, onírico; O mortal é banal e sujo e visceralmente perecível. Os imortais morrem rápido para deixar lugar à eternidade; Os mortais gangrenam na ânsia de perdurar uma magia que é fugaz. 

Por isto fomos eternos - a eternidade nasce de uma dor disparada de um qualquer lugar, sem aviso, roubando o sol por eras psíquicas. Nasce de uma queda abrupta no auge da Primavera dos dias, ficando dias por preencher com a imaginação, com o fantasma de um amante em todas as horas despertas da madrugada. 
Final abrupto com rasto de promessas é condição de eternidade passível de ser adornada por artes que acalmem o coração injustiçado. 

Prefiro -  uma boa história inacabada, a assistir à vulgaridade que se tornaria a nossa história acabada, no fim do mistério, no cansaço dos dias. Se tivéssemos ficado juntos, despojar-nos-íamos de toda a beleza. Assim, flutuaremos, para sempre jovens nesse plano de sonhos e memórias, como nos lembro, como nos queria.

(Eu nunca quis a vida amena, afinal.)


MF



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