domingo, 1 de fevereiro de 2015







Perturbaram-nos a todos o silêncio cósmico da Inexistência;
O tédio é condenação de um demónio astuto;
As crianças riem na inocência resguardada do real.
  - E decerto Schopenhauer escreveu algo similar a isto.


   Tenho medo de esta condição um dia se tornar permanente porque eu sou tão jovem. A ideia de morte está mais presente nos meus pensamentos que a ideia de vida, mas não sou trágica, não quero morrer. Apenas quero desesperadamente Viver, (e talvez um vislumbre da morte nos conceda um vislumbre de vida) ainda que na confusão, na ambivalência de todos os conceitos, dando-me ao luxo de uma boa ilusão, ou abraçando com tudo de mim todo o cinismo e rir do destino, rir das máscaras, dos podres, da família, da razão, do quotidiano, do tempo, da moral, tudo. Sentir-me livre na efervescência de uma raiva, uma revolta interior exteriorizada em indiferença, num enorme "não quero saber". Mas há dias de um bem estar anónimo em que desprezo todos esses meus irmãos mais trágicos e lhes digo : "- porque não se matam de uma vez? porque se mutilam de maneiras inexprimíveis, de maneiras tão profundas e imaginativas?"; se o instinto prevalece sobre a dor existencial então que se mintam e bebam e riam do mesmo destino que vos trouxe até aqui. Ou sofram em silêncio sem importunar e contaminar os outros com a vossa soturnidade.
Bando de corvos negros, calem os vossos chilreios, descansem as vossas asas.



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