sexta-feira, 16 de outubro de 2015





"Onde vamos? Para onde vamos? Prende-me ao chão agora, agora que não sei saber não ter asas."


17.07.2015

(...) E por fim: “Prende-me ao chão agora, agora que não sei saber não ter asas." – Este verso causa-me dores de cabeça, - agora que não sei saber não ter asas? - falo para alguém e pergunto para onde vamos e peço que me prenda ao chão agora que não aceito a inevitabilidade de não poder ter asas, de não ser leve por natureza e transcender a condição humana. Prender-me ao chão simboliza uma grande chapada na cara, como quem, “acorda, não sonhes com as Alturas, contenta-te em caminhar nesta terra comigo porque somos humanos.” Acho que foi isto que quis dizer, mas é muito confuso. O verbo “ saber” se for substituído por “ aceitar” é mais compreensível : Agora que não consigo aceitar não ter asas, que sofro por não poder transcender, é o momento mais crítico e neste momento - prende-me ao chão para não me perder ainda mais.


Resposta de G:
"- Nós nunca mais vamos ter asas. Mas isso não nos impede de fechar os olhos, lembrarmo-nos que já as tivemos, e criar como se tivéssemos. Mas aceitando, como disseste bem, que ao abrir os olhos, essa perfeição que só se atinge com a imaginação não vai estar lá. Mais uma vez o neo-platonismo, a diferença do que idealizamos (porque imaginar perfeitos não custa – quando fechamos os olhos, quando sonhamos acordados, e tocamos com a mente no Logos) e o mundo que, não fosse a criação imperfeita do demiurge, continua constantemente a forçar-nos, a ensinar-nos a fazer o melhor com o que temos´



[Excertos de conversas com G, explicação de alguns versos da minha escrita automática.]



MF

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