sexta-feira, 15 de janeiro de 2016





os músculos a tremerem, no sonho de saberem
o teu beijo
a música,
sempre
a música
quando me vou embora e ela ainda toca
e sei
que poderás decerto ser o novo milénio
ou não estivesses tanto nas paisagens que gravaste com a tua máquina
ou não deixasses, sem saber, o rasto da dimensão que és
conheço, a carne transmutada pedra, e todos os quartos da insónia
e a pontada de dor gémea, de indecifráveis modelos experienciais
do amor, e todos os hinos que lhe fizeram, e as cicatrizes sim,
as cicatrizes fílmicas e musicais
oh, lembras-me alguém, quem não sei,
e lembras-me eu na última infância,
os olhos tão abertos para sorverem o mundo e a estática no ar
e as tuas palavras, subitamente envoltas por um corpo de silêncio
que desacelera o tempo só para te emoldurar, e vejo
vejo-te os olhos pela primeira vez, e os teus lábios
e a intuição leva sempre a sua avante, eu sei,
que os nossos interiores são insondáveis e querem tanto viver
a despeito de todo o ruído



MF




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