domingo, 17 de abril de 2016
para sempre soterrada sob a apneia sanguínea de um beijo
e depois a ressaca. da vida inteira no corpo numa noite
a primavera soterrada quer-se levantar, atravessar toda a terra
estremeço na saudade da ínfima brisa à superfície
estremeço agora, sob todo o peso penumbra na cabeça
não, a treva não equilibra a minha luz. a treva deita-me numa cama e dá-me um sono de agulhas
e aquedutos atrás do olhar seco
sou como vento que se reparte em cada nova superfície, quebra de fluxo onde o fluxo se queria mais fluido
morro em cada lugar que vivo
e cada lugar que vivo viola-me a memória
eu morro e sobrevivo-me sempre que me amam
eu não sei porque voo apenas num só dia e depois é um peso não ser só de mim.
MF
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