quarta-feira, 21 de setembro de 2016



[Memorandos]

Setembro



17.09

Somos Deus esquecidos de Deus?

15.09

São os meus olhos que tento ultrapassar - ver para lá do corpo
amar debaixo da carne.

13.09

Tudo já aconteceu?

*

O universo chorando
e/ou a minha mente mais longe que as estrelas.

04.09

Andei também embriagada
de vida
a vida subiu-me à cabeça
com os seus rios,
montanhas, sinfonias de
nós mortais

e só chorei de querer ficar
aqui para sempre
sempre aqui, chorei de
haver amanhã

sempre foi um agora prolongado um dia.
como as borboletas.

*

Quero escrever leveza na palma da minha mão.

03.09

Apago-te agora o rosto
não sei quem és
mas sei que estamos vivos
dreampop no carro. não falamos
(porque haveríamos?)

no silêncio dizemos
um ao outro com o nosso sentir,

que já não há Solidão,
onde estamos unidos pela mesma canção.

podia ser assim tão simples.
(é assim tão simples.)


02.09

Bates à porta do teu fantasma
e já não vês o teu humano

Bates à porta do teu fantasma
e o que encontras
é
um humano.

20.09

Pressa do mundo e de um simultâneo lugar sagrado
Respirar e ser puro.
Respirar e sem mácula.

Na sua inocência eles conspurcam o mundo.

21.09

Uma veia na cabeça a latejar
as têmporas comprimidas,
o sono através do dia.

mas podia ser pior: podia nem chorar.

*

Ontem doías no coração,
Hoje dóis na cabeça.

(podia ser só no coração?
 na cabeça não, na cabeça não...)


*

Se houvesse um Pai eu dizia - Pai,
segura a minha cabeça
(fizeste o mundo e não poderias
cuidar da minha cabeça?
e teres mãos de seda
e respirares sobre mim,
e sentir a tua presença no quarto vazio
e emprestares-me um pouco,
com teu sopro,
tua graça.)

imensidão vazia Só de mim

Esta noite dormi e acordei
com o mesmo peso com
que me deitei
e dizem que as lágrimas
são águias que trazem para fora
a excedência
mas foram somente água e sal
e o sal não sanou, não matou o que mata
e eu limpei o meu rosto
e no silêncio gritei Pai,

porque é dia agora e as pessoas vivem nos dias
sem âncoras. sem sono. sem ausência.

Pai, a Doença voltou.
quem opera Dentro?

(Diz-me que há uma razão maior
que o Poema.)



MF






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