quinta-feira, 24 de abril de 2014

Algo tão simples





~16.04.2014

Morremos. Findámos antes de sermos tudo aquilo que prometíamos . Às vezes queremos tanto segurar as coisas junto a nós que acabamos por as perder, às vezes parece que o destino conspira contra nós e que na nossa insignificância captamos a sua atenção e a sua inveja. Mas no fundo de mim sei que fomos histórias breves, destinados a momentos efémeros. Talvez... mas não dói menos por isso, por esse prenúncio trágico que sempre esteve em mim, mesmo naqueles dias felizes em que já não havia tempo ou espaço, onde cada poro nosso cantava a vida. "E não sei quando isto irá acabar, mas temo estar próximo" - assim escrevi, quando senti esse agouro, quando fui embora num autocarro cheio, sentindo-me perdida.
  Procuro voltar a existir, como sabia, antes de ti, mas parece que tudo de dissipou de mim , para te dar lugar. Existir - Talvez tudo se resuma a uma existência antes de ti e a uma vida depois de ti, e não há gratidão possível, soldo que pague quem nos fez sentir finalmente vivos, ainda que por instantes.
  Nas coisas simples te recordo, na ausência estás presente, quando te quero trazer de volta e ouço uma das muitas músicas que dizíamos serem nossas. Música - Juntaste-nos aos dois. Ouvi hoje uma e pensei que a irias adorar, porque eu a adorei. Dói não te poder mostrar algo tão simples...

♫ We are the ever living ghost of what once was...

MF


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