terça-feira, 22 de abril de 2014

Passado doutro mundo




Pudesse eu esquecer-te sem te esquecer
docemente, sem raiva, tua imagem, atrás
dos meus olhos, tua voz que ecoa na quietude 

Fomos mar que antevia costa onírica
Puro mar, ora sereno ora tempestuoso
Fomos estrelas que findaram num prólogo
Puras estrelas, eternas se não no mundo, em nós
Fomos páginas, fomos sangue, quimeras desfeitas
Pura maculada poesia de olhares e sorrisos

Tempo, leva-me as memórias, sem me levar!
funde em mim anódinos éters, para não sentir
Olho para quem fui, e já não sei quem sou
não sei quem és, por não saber quem foste

Perdida. Parto, enfim, de regresso a mim
Voltarei ao mar, depois de saber navegar
Não há mais frémito, enlevo impetuoso
Neste coração.
Bate, mas não sinto.
Mas antevejo lágrimas distantes, lágrimas
Do que fomos, num passado doutro mundo.

MF

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