sexta-feira, 25 de abril de 2014

Renascer




  E eu sei que tenho de partir... mas continuo presa a memórias. Invento tudo o que poderia ter sido, viajo ao passado e penso em tudo aquilo que mudaria. Mas talvez o passado seja solo sagrado, que não pode nem deve ser remexido, imolado em nome de um presente utópico, mesmo que tal fosse possível. Eu sei que tenho de partir, pois não há lugar para mim...mas continuo a sonhar, a ver-nos aos dois numa paragem, a voltar de novo e de novo àqueles dias de Sol que me pareciam ser eternos. E foram, de facto. Eternos na minha mente. Continuo, enfim, a inventar novos momentos a partir dos que possuo. Neste abandono a mim, neste deserto plácido em que agora me encontro, espero encontrar novos planos, novos caminhos, novas armas para me libertar do passado e poder finalmente regressar à realidade. Espero encontrar-me, refazer-me para aproveitar novos dias, após convalescer cada dor, cada esperança, cada desdita; renascer das cinzas desta história que num só fôlego me fez viva e me desgastou. 
  Talvez diga a mim mesma que há coisas destinadas a serem breves porque eram belas de mais, intensas de mais para um coração deste mundo. Para o meu coração. Talvez tudo já esteja escrito, todas as histórias, todos as alegrias e tristezas, segundo um plano que não podemos compreender. Talvez eu seja o lugar onde preciso agora de estar. Ou talvez só minta para mim,  para me deixar partir...

MF

Sem comentários:

Enviar um comentário

  [Serás humano até ao fim] caminhas tocando as paredes numa divisão obscura os caminhos múltiplos, as escolhas pressionadas por um tempo de...