quarta-feira, 25 de junho de 2014



     Hoje disseram-me, "  Lá no fundo talvez saibas o que queres ser ". Procurei em mim, viajei dentro de mim, à procura de respostas. Regressei. Estou aqui - a escrever para tentar encontrar nestas palavras o que não achei no caos de pensamentos esmorecidos que tentei decifrar.
   Sei o que me faz feliz, sei o que quero e ao mesmo tempo não sei. Não deve ser complicado entenderem este sentimento. Amo a música, amo as palavras, poderia ficar para sempre numa ilha com um piano e com uma pilha de livros, mas algo me diz que o tédio apoderar-se-ia deste coração que implora, implora sempre por mais. Não sou daqui, não pertenço a ideais, não pertenço a um mundo tão rígido, tão monótono, tão frígido, tão friamente lógico - é por isso que amo o amor, as sinfonias provenientes de mentes perfeitas, as palavras que nos fazem viajar sem tirar os pés do chão. É por isso que continuamente me estranho, porque uma parte de mim não quer assentar estável em nenhum sitio, e neste paradoxo sem fim, encontro-me sempre dispersa, sem rumo. Não sei pintar, quero pintar. Não sei cantar ou dançar, quero cantar e dançar. Talvez precisasse de um milhão de vidas, talvez precisasse de me fragmentar em centenas de " eus" para ser mil coisas ao mesmo tempo e aí me sentir plena. Não sendo, sou só eu, sou perpassada por milhões de vislumbres de possíveis e impossíveis futuros - queria ser tudo, ou quase tudo, e sou nada nessa ânsia - Queria ser poeta, compositora, pianista, jornalista, bióloga e tantas coisas mais. Qual é a resposta quando quero ser tudo o quanto uma só alma dificilmente pode ser? Porque eu não sou simples, não me conformo, não vivo inebriada em fantasias, sou lúcida e sei que só tenho esta vida e quero fazer algo, deixar algo de mim aqui. Mas como? Como agir quando me encontro presa em tantas possibilidades ?

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