quarta-feira, 18 de junho de 2014

Pudesse eu




Pudesse eu voltar e parar
parar, debandar contra o destino
desacelerar o tempo e pintar
pintar, de novo os meus olhos
com a paisagem dos teus
Pudesse eu sentir e escrever
escrever, o que não dá para escrever
nesta insone e dura hora, remexo
remexo, o passado distante e cálido
obsessivamente sonhando-te
Pudesse eu esquecer e viver
viver, de novo em mim em paz
feliz,  e cada estímulo colher 
cada sol, cada sossego, cada flor
Pudesse eu cantar e dizer
dizer, tudo o que faz agora a vida doer
mas quero e não quero esquecer
aquilo que doí, é aquilo que me faz viver
aquilo em que me perco, em silêncio
Quero e não quero esquecer, mas há 
uma canção para cada nosso momento

Perdi-me e quis-me perder, e parti
parti, levada numa corrente insidiosa
e ao teu lado, fui outra que não eu
libertei-me em graça, enfim
e cada gesto, cada instante efémero
talhou-se eterno, dentro de mim

MF

Sem comentários:

Enviar um comentário

  [Serás humano até ao fim] caminhas tocando as paredes numa divisão obscura os caminhos múltiplos, as escolhas pressionadas por um tempo de...