Jean-Baptiste-Camille Corot - The Solitude |
30 de Julho de 2014
~ 2:30
Não consigo dormir. O silêncio da noite traz-me paz ao mesmo tempo que me oprime: privada de estímulos sensoriais, vagueio e sinto dor pela consciência visceral do eu - Sinto-me só a mim, ouço o bater do meu coração e viajo numa confusão esquizofrénica de pensamentos e imagens do que já passou. Sinto na boca o travo amargo da nostalgia, do calor distante, da inocência perdida... Vou à varanda. Olho para as estrelas e aprecio por momentos o silêncio, ao mesmo tempo que amaldiçoo as luzes que ainda se encontram acesas na madrugada e me impedem de ter uma visão mais clara do céu.
É como se o mundo morresse em todas as noites de insónia. É como se eu fosse o único ser humano acordado, com um peso enorme dentro de si - o peso de me sentir completamente sozinha aqui, sem saber porque vim, sem saber para onde vou ou para onde quero ir. Tão só e vulnerável como a Terra, imagino-me a girar com ela, incessantemente à volta do Sol, pequena rocha flutuando no espaço...
Também ela se deve sentir sozinha, às vezes.
MF
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