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Imploro do limbo do meu ateísmo
aos deuses que não há,
pra me trazerem de volta a mim
quero sentir, quero o céu no meu peito
desencontrei-me vazia depois de ti.
Estou surda dos meus próprios gritos
sem som, nascidos de desassossegos
surda do silêncio que cultivo aqui
os desejos reprimidos materializam-se
em sonhos que se me assaltam crus,
devaneios proibidos dançam lascivos
na noite mas só fomos a inocência
de beijos, nunca fomos mais longe
és o meu deus e o meu demónio
a calma e o desassossego
a calma e o desassossego
a minha desdita, a minha vitória
ser meio irreal e passivo que adorno
na imaginação que quer ser vida
baia onde naufragam pensamentos
difusos e inquietos e vivos.
Deixa-me dormir.
MF
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