sábado, 6 de setembro de 2014



(...) O Canto da Melancolia III

No entardecer,
Quando a lua crescente,
Verde, entre um rubor púrpura,
Brilha, ciumenta,
Adversária do dia,
Ceifa, a cada passo secreto,
As redes rosadas,
Desfalecendo, até se afundar,
Na noite pálida: -
Assim também eu me afundei, um dia,
Na minha loucura da verdade,
Na minha melancolia diurna
Na melancolia de um dia exausto, com a doença da luz
- fui ao fundo, ao fundo do crepúsculo e das sombras,
Queimado e sedento
Por uma verdade:
- ainda te lembras coração ardente,
Como eras sedento? -
Que eu seja banido
De toda a verdade,
Que eu seja apenas louco!
Apenas poeta!

Nietzsche, Assim falava Zaratustra

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