terça-feira, 2 de setembro de 2014

Sonha-me





Choro, mas não te chega o sinal
as almas afinal não ultrapassam
o tempo e a distância
Sonho-te, vens sem que te chame
persegues-me num lugar sem nome
enquanto dormes serenamente
e sinto-te os lábios, tão real
Acordo, com um peso ambíguo 
no coração, um peso do abismo
de afinal ter sido um sonho
e um peso que é resquício, rasto
da felicidade que se verteu no peito
aquando o beijo imaterial, tão real
oceano etéreo que encheu copo vazio
transbordando-o com excesso de vida
vida que não posso comportar sem ti
que se esvai sem ti, ao acordar.
Sofro, como sofrem os sonhadores
os deuses fazem pouco de quem ama.

Desapareces, algures dentro da minha inconsciência
Do fundo vago do mistério de mim rogo 
ao céu silente pra te contar que te sonhei.
Vamos inventar um caminho, vamos ultrapassar
este ar, este plano, este mundo, e flutuar oníricos.

Volta, mesmo que não voltes. Sonha-me ou escreve-me.


MF

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