terça-feira, 7 de outubro de 2014






[efemeridades eternas]

olho o mundo com a indiferença dos cansados
e a curiosidade analista de um poeta vil
a cidade encerra os podres e as poesias
dentro de si, dentro de mim
medito a paisagem, dia nublado e esquivo,
quotidiano marchado com a precisão das réguas
e do fundo de mim ouço melodias nascidas
de lugar nenhum,
melodias carnais, e insignificantes perante
as estrelas que nos conspiram novos caminhos
que raiva do tempo,
que raiva dos dias sempre iguais,
que raiva do destino que não há!
deviam ser intocáveis, os talhadores de memórias
na nossa inocência as flores iluminavam o céu
mas para os outros que morrem nos dias,
e percorrem as calçadas, maquinais e vazias,
uma paragem é só uma paragem
e as flores são apenas flores
e se algum deles nos viu, eramos só dois vultos
abraçados na juventude, sem saber nunca
que o céu não chorava de felicidade
nem gravava na cidade o éter nosso
nem mural imaterial e sussurrado de poesia
do nosso manifesto vão contra os deuses
de que podemos ser eternos e morrer.

MF



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