terça-feira, 25 de novembro de 2014



Acordo mas mantenho os olhos fechados. No meu sonho estava livre do pensamento e era feliz. Tento capturar essa inocência, guarda-la dentro de mim e transformar-me nesse ser utópico do meu sonho mas está tão distante... Por entre vales e montanhas, tenho um leve vislumbre da sua sombra mas as minhas pernas quebram quando me tento aproximar, os meus braços desfazem-se em pó quando me tento empurrar. E assim, deitado sem membros, vejo a minha felicidade fugir por entre mundos.
Durante horas nada acontece. Por fim, o mundo começa a desmoronar-se: ouço o chão a quebrar ao longe, os céus explodem em explosões terroríficas, as estrelas transformar-se em pó. Uma a uma. Devagar.


Quando a escuridão chega, o chão por baixo de mim quebra-se e eu caio. Anseio pelo embate, pelo fim do desespero, pelo golpe de misericórdia... mas não há mais chão. A queda é eterna. Olho à volta, procuro desesperadamente por um sinal de vida, um ponto de luz mas a escuridão é infinita. Caio, eternamente, em mim.

Abro os olhos e o ser utópico desvaneceu-se. É tempo de me levantar.


PN

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