quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Quão ruidoso pode ser o silêncio?



Já não quero ter noção. Já não quero compreender.Já não quero ler. Já não quero ouvir. Já não quero saber.  Já não quero conhecer, crescer, ser superior, julgar e afastar-me. Já não quero as memórias de tudo o que perdi, as promessas de tudo o que perderei.  Já não quero ser quem me tornei, quem me quis tornar.

Já não aguento o silêncio que  vive nisso tudo. Já não aguento ser o silêncio nisso tudo.

Quero ser o pássaro que canta na primavera,  o cão que persegue a sua cauda. Felizes nas suas ignorâncias.

Quero ser o mais ignorante de todos. Não quero saber quem são Tolstoi, Pink Floyd ou Picasso. Não quero conseguir distinguir um Dó de um Mi, um trompete de um trombone. Não quero compreender como alguém passaria horas a ler um livro só para no fim o voltar a por na estante. Não quero compreender como alguém se fecharia num quarto às escuras só para ouvir o seu álbum favorito.
Não quero perceber a diferença entre Ser e Existir.

Quero apenas ser príncipe do meu pequeno planeta e tomar conta da minha flor.

PN

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