quinta-feira, 23 de abril de 2015

Cá dentro são desertos e oásis multicores


[Rascunho de 28 de Fevereiro]

cá dentro são desertos e oásis multicores
toma por vezes conta desta alma a lassidão, as rédeas brutais das nostalgias
queria viver um agora simultâneo entre os espaços diversos que me cantam de longe
coração cheio de paisagens virgens que pulsassem o sangue de ontem para hoje
queria-me hoje por inteiro
porque o fim é destino prematuro ou tardio de todos nós,
vislumbre branco, pacífica tentação só tocada em delírios, acre felicidade
nos dias maus;
vislumbre negro, sufocante abismo inaceitável, pontapeado para o olvido,
nos dias bons.

penso demais aos dezanove,
subo e morro e caio
desenho gráficos esquizofrénicos
padrões desordenados de montanhas russas
fico a planar por segundos no lugar em que nada acontece e nada sinto,
e subo e morro e caio
pesada sem peso
extinção no auge de alegrias humildes
rio mais alto que todos os outros para logo chorar velhas dores adormecidas
é uma lucidez maldita. a lucidez de estar um lindo dia e pensar que um dia este sol vai explodir
de como sou carne e sangue e sentimentos gerados por ligações materiais
queria livrar-me do corpo e transcender além gravidade, além espaço e tempo


porque eu quero tanto tocar a substância maior que nos anima,
provar a sua existência em vida

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