quinta-feira, 23 de abril de 2015




[Fomos o mundo há cem mil anos]

E no final, apenas nos tenho - dois vultos
infinitamente pintados nas noites sem dormir.


Trazes-me o esquecimento de mim,
a desincorporação corpórea,
És pauta onde canto e gravo sintetizações melódicas
E no final repito-nos. O rasto de nós. A memórias dançante de nós.




11/03/2015  15h07

Ornamento a ilusão. Na esperança de a fundir à paisagem, de a confundir com paisagem. De forma a não deixar ângulo onde a razão penetre acutilante e a desintegre, de novo.


14/03/2015
[boas tempestades]

Nascem-me palavras, no solo da tua memória.



[(...)]

Na solidão acontece a maior das poesias.


14/03/2015   1h25

   Ainda nos chamo na inquietação cerrada da madrugada. Culpo-te do meu cansaço. Estas noites desagastam-me, corpo e alma. Desenho no ar a tua voz. Só te queria aqui comigo. Deus sabe as horas em que fui tão humana. Lá fora nada vale, É cá dentro que fazemos outros mundos. Faltas-me. És-me. E estás longe. Não sei onde vives, onde dormes, com quem dormes, antes de adormeceres. Durmo contigo sem cá estares. Dor e felicidade ficcionada. Escrevo-te sem saberes. Guardo-te sem querer. Todas as palavras são poucas para todos os significados que carrego. Tu és o maior simbolo - és a música, és a juventude, ideia carnal, ideia real, expandida no tempo, imiscuída no ar, na cidade, na ausência dos espaços vazios, dos sítios abandonados, das manhãs geladas sem ti e das noites ainda mais geladas sem ti. Profanei todos os meus altares. Beijei em vão. Conhecidos. Desconhecidos. É apenas um gesto sem sentido, um agregado de movimentos sem prazer porque já não sinto, já não me esqueço, já não se pára o tempo.
   Compreendo-te agora - o corpo nem sempre fala a alma; o corpo fala o corpo. Tem vontades independentes. Imaturo, primitivo. 
   O amor não é cego. O amor é émico - é uma disposição humana incrivelmente pronta para vestir a pele do outro. Eu era tão jovem e não sabia, que há desejo e há amor, e este último não é condição do primeiro.

Onde estás? Adormece comigo.


16/03/2015  0h23

Um nome. E a demolição de todas as construções internas. E se por acaso te encontro nos lugares que nos continham, sei que este corpo não é meu, pela forma como estremece e me deixa a alma nas mãos.
Um rosto. E todo o presente demolido.


18/03/2015   18h14

[corpo e alma]

A sua não separação ditou 
a tua eternidade.

22703/2015  1h41

Estamos cá para tentarmos ser imortais. A noção desse falhanço é o momento da morte em vida, da morte existencial. 
Sou o abismo entre o que sinto e o que digo, por todos os meios possíveis.


24/03/2015  0h54

Chovia lá fora
E na escuridão consumiamos a escuridão um do outro.


(...)

Ouvir a tua voz. Ter-te aqui neste momento. Vem. Num segundo. Transportado numa música qualquer, E depois o silêncio. Não fales. As nossas almas trataram de tudo nos sonhos.
Fundes-me a alma à carne, e assim eternizo o teu nome e o teu rosto. Malditos todos os que têm o teu nome e não são tu. Reconheço-te de olhos fechados e vivo-nos.


26/03/2015  0h08

Tenho vivido nos devaneios noturnos e diurnos,
calando os gritos aflitos por viver.






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