sexta-feira, 1 de maio de 2015



*
Memorandos 
Abril

*

30.04.2015

15h20

 Estou sozinha. 
Todos os da minha espécie morreram ou estão igualmente longe.

15h04

Afunda te na plena catarse
e ascende como montanha

15h01

Corpo morto à espera de ser vida
Durmo enquanto caminho pelos dias

29.04.2015

23h04

  Quero descobrir a noite, sentir o desconforto atento da vaga alucinação que quase te convence de que nada disto é real e és uma super consciência caída num sono de sonhos materiais. Quero tanto mas não tenho força... somente o sempre cansaço que me leva para casa mais cedo, antes de a noite começar.


22h53

  Quero tudo aquilo na iminência de perder. Se amanhã não estiveres cá, irei querer-te.
 Confundir-te-ei. Andei sempre fora de sincronização com os corações que um dia me quiseram.  Confundir-te-ei. E serás o novo emergir de palavras.


27.04.2015

22h48

Beija-me.
Que amanhã morremos e não nos amámos.

9h11

Ergues assim, todo o teu peso renegado sobre mim´
E cresço no teu silêncio.
E choro no teu espaço
E morro e ascendo na tua cura violenta.
Tenho um coração pequeno que condensa a poesia de um milhão...

8h54

Contivemos as estrelas nas nossas mãos
Em instantes gráceis da nossa mortalidade
Sei que deus faz parte de nós, por todos esses instantes cheios

1h28
Resguardei o meu mundo, dei-te metade de mim.


0h23

Nunca quisemos nada além do derramar anímico,
e por dentre os interstícios de nós, acordarmo-nos,
um no outro,


14.04.2015
1h45

Matámo-nos de vez e ficámos vivos para escrever.

13.04.2015
21h01

as horas findavam e nós sem as vermos
e com elas a juventude,
o Sol magno que nos esquecia dos dias e nos fazia mais altos

10.04.2015

1h24

Não são palavras que gritem,
que esmaguem, conquistem e matem,
desmintam, o que eu menti
Que nasçam em ti,
rompendo o silêncio
e trazendo-te a mim
eu sempre estive aqui.

3h56
O teu corpo é o teu corpo,
a tua alma inventei-a
Encerro a ficção onde navego
Comportas a minha fantasia

3h53

Os corpos querem-se; as almas desnudam-se
vago e cheio anseio de completude
Sangue. Tempestuoso;
Saudade, de ti
onde dorme o teu corpo, vem a mim
onde está o teu corpo, se te tenho a alma?
Desvarios sem sono perdem-se na noite
desejo-te,
mas não te quero, afinal
amanhã não nos quero, apenas agora a juventude grita,

É a solidão do meu corpo que te chama
ao meu corpo sem chama,
deserto encanecido, febril corpo frio.




MF










Sem comentários:

Enviar um comentário

  [Serás humano até ao fim] caminhas tocando as paredes numa divisão obscura os caminhos múltiplos, as escolhas pressionadas por um tempo de...