segunda-feira, 6 de julho de 2015




[Hedonismo]


Percorre me. roubando-me suspiros,
beija-me para que o ventre se perca
irremediavelmente da razão,
e os fantasmas sejam empurrados para trás de mim
e reaprenda danças nos teus lábios,
danças afinal nunca aprendidas,
e os lábios se movam numa ciência só sua,
inconscientes e esquecidos magos sem dono
e as linguas dançem como nunca dançaram,
e isso seja lascivo e puro ao mesmo tempo

Beija cada jarda, milímetros deste corpo,
catapultados num torpor, numa calma tempestiva,
numa sede de fogo e tactear cego e ansioso
corpóreo e espiritual, que arrebata as cordas
que nos prendem aos nossos corpos e ao chão
e impedem esses voos momentâneos,
ocasionais, ora vulgares ora imbuídos
de um transcender emprestado eterno e sacro

Beija cada jarda, milímetros deste corpo,
para que a razão se esqueça de ser razão
e de que amanhã teremos partido
exauridos não pelos disparos da nossa dança,
mas pela iminente saudade que vergasta o sangue
porque tacteámos o Universo.
num intervalo em que os corpos se exaltaram sem memória, um no outro

e acordaste o fogo em mim.




MF

pb



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