Despidos silêncios
na entrecortada fúria lassa
em nós a morte e a raça
em nós a flor e a adaga;
levantámos pesos e quedámos no ar
carnais com sonhos de mais -
cascatas de vidro,
a dispersar a luz só para nós,
e sereno altar,
braços abertos
para a violência das ondas
firmes frágeis pés,
ao nosso solo pregado
desvanecidos corpos com sede de ficar
esbatidos quadros dissolvidos no mar
olha os anos e as lápides brancas, a urze
os ciprestes fúnebres
sentinelas mudas
de mudos e ordinários finais
finais, sonhados trágicos,
e tentativas de epigramas:
"só quisemos o sangue jovem
a calcorrear pelos dias
e os veludos na pele, e as explosões a dois"
*
Cru anseio,
este de te ter outra vez
estamos perto
na inquietação de sonhos,
e quase te sinto, a carne
hologramas de nós, amantes
da imatéria dispersa dos sonhos
acordo sem ti
a paisagem frenética
através do vidro do autocarro
cem metros sereia a tocar
e toda a prosa da cidade sem nós
urbanos hinos, calor frio
cru anseio,
este de te ter outra vez.
*
Vem amar os despojos, chorar a Beleza
que se esvai
e se mantém Inteira e só de si
sem ofertar a nós um mísero perene rastro,
somente efémeros lampejos
quase mitológicos, areia entre os dedos,
fugidias aragens que no Tempo se perdem.
Beleza.
Quase esqueci se fui pura para te tocar e de ti roubar
não mais que uma pluma
para segurar contra o coração
e dizer-lhes que estás cá
e assomar ao cérebro de novo a tua Experiência
em todo o esplendor,
e então inspirar de novo o mundo com o teu sentido.
*
metáforas e metáforas para inaugurar de sentido
o que sabemos transmutar na solidão.
*
Lançámos o sangue de ontem para ali e os gestos retraídos
não eram mais que calados gritos
de cortar as cordas e espantar o medo de não me ter,
no olvido, não me ter...
https://www.youtube.com/watch?v=l2MttKTJhf4
MF
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