sábado, 17 de outubro de 2015







@afterjoseph

Ensina-me o estoicismo último.
O estoicismo das varas inquebráveis, verticais sob a opressão das correntes esbranquiçadas dos rios mais gelados. O estoicismo desses homens das montanhas, dos eremitas, dos orientais, que caminham sob o fogo sem a mais ínfima laceração nas palmas dos seus pés. Ensina-me um estoicismo humano, que se sinta, que se sinta doendo sem doer. Entendes? Se nem eu entendo... Um estoicismo humano, será possível? Porque as varas não são humanas, os eremitas não são humanos, são outra espécie que, decerto, já foi vulnerável, humana, mas não mais - afinal, eles vivem nas montanhas.
Ensina-me o controlo sobre o meu coração nas horas agudas.
Ensina-me a aceitação última,
A aceitação de um anónimo homem no limiar da sua própria morte,
ou da morte de outro ser que lhe é mais que a vida, que se espraiava sob toda a vida, o símbolo, a centelha, o grande sol, a grande lua, o fulcral ar.
Ensina-me o estoicismo último.
- ensina-me a morrer e a saber ver morrer.


MF





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