terça-feira, 9 de fevereiro de 2016






16:23

Nunca me dirijo directamente a ti aqui.
Se estavas comigo na Primavera, sabes que és tu.

Acho que a música é a coisa mais bela deste mundo. Depois do Amor. Sentei-me ao piano e as notas eram tão belas. A melancolia misturada com o amor, era isso, por detrás da melodia, na própria melodia aliás. Gostava que ouvisses e visses, as mesmas paisagens, por detrás destas palavras. Sim, as palavras nunca dizem aquilo que quero dizer, aquilo que vejo, aquilo que sinto. São só metáforas atrás de metáforas, somente aproximações, é o mesmo hiato entre o conceito e a experiência. As palavras apenas anunciam, pronunciam o prenúncio, são meras pontes que te levam até à minha tentativa de retrato sinestésico.
Palavras, estandartes de tudo o que não tem palavras. Não há palavras, bem sei, mas nunca desisti de as tentar encontrar. 

Não consigo esquecer. Não quero, talvez, esquecer. Por isso escrevo. Para tentar lembrar-me do porquê de não dever esquecer. Não quero perder. Não quero morrer e renascer outra por cima da minha essência. Porque todo o passado me sustém, ainda que me roube alguns dias. Vou construir a minha filosofia sem obliterar o passado. Eu aceito tudo o que foi, e tenho apego por tudo o que foi, e isso faz-me sentir humana. Ainda anseio a transcendência, mas uma transcendência humana, seja isso o que for.

Só espero que pressintas as coisas que aconteceram e acontecem nesta solidão. Só há eu para testemunhar, mas espero que pressintas. Tudo isso, e todas as dezenas de versos em vários cadernos, que nunca leste ou lerás, porque eram palavras nuas, sem metáforas, nem círculos, nem contenções, nem edições, nem dissimulações. (Como estas)






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