sexta-feira, 13 de maio de 2016








é uma ideia
de permanência, sol, lágrima
resgate saudoso agora dessa ideia, desse lar, desse mar

viajo no som, como se me dissesse aquilo que nunca falei a ninguém
porque não dá para falar

somente dizer uma ideia, uma margem, um prenúncio
uma baía de luz, sobressalto cósmico e placidez
uma mão no coração, outra vez, uma mão segurando o mundo inteiro

a cabeça no eixo mágico do agora e o amanhã incógnito e feliz de ser incógnito

é uma ideia
de permanência, sol, lágrima
resgate saudoso agora dessa ideia, desse lar, desse mar

se apenas (me) soubesses o que sinto-vejo, a aceitação resignada da mortalidade
ouvi-me dizer ouves? - como os quadros sangram,
como os quadros sangram e se debatem por florescer de novo na Memória
até aqui. até aqui sempre tão longe agora. parece que foi ontem aquele agora
mas está tão longe agora.

e não sei fazer sentido desta Terra que nos liga, desta despedida imanente a cada encontro
tudo terminou no seu próprio começo
toda a herança humana inconsciente o sabia
mas surdos que estávamos para ela no inicio da Primavera
com a vida toda irrompendo da terra e a brisa cálida e cheia de saudade
cheia de vontade de ser nosso fundo
a vida toda irrompendo na periferia e nós como vago centro, os nossos olhos tão abertos
para o milagre de tudo isto

ouço-me dizer que escrevo apenas para mim e o fantasma que sorriu para mim
que é somente uma ideia
de permanência, sol, lágrima.


MF




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