sábado, 13 de agosto de 2016



Permaneço hoje na doce montanha
não te ouço a voz nem tampouco o corpo
somente uma imagem distante e imóvel
não me moves dentro o sangue

Vivo. os dias estendidos como flores abertas
o espírito, o corpo, aqui
somente aqui, rindo e bebendo cada sensação
como que acordado de um longo sono
meu sono de ti
meu sono de ti cessou
(depois de me fazer humana)
deixei-te com tudo de mim
todo o amor, todo a abraço em torno
ainda cuido de ti sem estar
(ainda estou em ti sem estar?)
ainda me sentes contigo quando cais?)

Permaneço hoje na doce montanha
não me assalta nenhuma pressa
de seiva, peso ou magma
ocupa-me a benigna leveza
paciente e humana
paciente e humana
com toda a memória
toda a memória já não fere
toda a memória já não anuncia a antevisão
dos fins e esquecimentos que se querem impossíveis

Eu lembro-me de tudo sem escudos no coração e sorrio para dentro e para fora
porque estou cá ~
e nasci de um parto obscuro
e estou cá
filha da luz e da sombra
divorciada desta última agora, (é Verão, não te disseram?)

Mas afundo-me sempre em alguma noite inesperada
então digo-me, a mim, tu que me lês
- nunca mais te esqueças do teu olhar espelhado, devolvido puro.
e todo o teu amor em gestos e imagens.









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