sábado, 15 de novembro de 2014





Tu não existes.
Não sei quem és. Não sei quem foste.
Criei-te com palavras, imersa em devaneios da meia noite. Abismo humano, buraco negro. O teu fantasma ainda assombra recantos meus. Sou a amante das palavras e dos silêncios, porque me deste memórias? Memórias para morrer, negligenciando e matando os dias, coloridas em tons divinos impossíveis. Nunca fomos belos além da poesia. Ergui palácios para fantasmas, achei ouro na lama.
Meu deus - porque nasci tão sensível?
Envelheci a pensar em todas as razões. Enganei estes olhos.
Não me podias ter tocado. Sabias tu que nunca morrerias num coração solitário?
Ninguém quer morrer, mas morre em mim por mim.
Na próxima insónia, dispersa-te e confunde-te no tecido dos sonhos, daqueles que se esquecem que se sonharam. Arranja um nicho no inconsciente, só não me assaltes.
Prometo: relembro-te nas horas vagas. É a ti que volto quando os dias não me trazem nada.
Quero um esquecimento, Quero renascer para a Primavera que se anuncia.

Eu tenho tanto para viver. Não posso parar aqui.


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