sexta-feira, 6 de março de 2015

Delírios Públicos #2


Devagar, o dia passa. Pela janela, observo os rostos que por mim passam à velocidade da luz. Talvez o meu pessimismo leve o melhor de mim mas em todos eles; os que sorriem, o que observam o vazio, o que ouvem música, os que lêem... em todos eles vejo pura, crua, profunda tristeza, como uma depressão escondida.
Que somos nós mais que projectos de sonhos? Nunca saímos do papel e os anos passam, o corpo envelhece e a alma... essa não envelhece mas, aos poucos, desiste de se tentar fazer ouvir. Crescem as tristezas, as irritações, nasce o mal-estar constante, a constante sensação de estar a perder... Desaparecemos, a
os poucos.
Eu, da minha janela, observo os seus rostos e vejo tudo isto... talvez seja apenas o reflexo dos meus próprios medos, talvez seja apenas a minha alma a berrar por atenção. Temo que, aos poucos, também eu me esteja a tornar num rosto à velocidade da luz.

PN

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