24.04.2015
[um voo ao contrário]
[um voo ao contrário]
Ascende, assim, a inspiração do teu corpo
que nunca teve a alma que inaugurei pura
em versos
em versos
Só não te extingo daqui porque me fazes
compor melodias dos anos do Sol e ficções,
esculpidas no mármore de mortais eternidades
tive um dia a envolvência de uma onda
informe, cálida, nascida das profundezas de mim,
eu nem sabia que havia um fonte cá dentro
que nos faz querer despir as roupas e nos faz
humanos. Assim - nus. como viemos.
E o tecto fechado é um novo tipo de céu.
E as quatro paredes, o seio da nossa comunhão.
E a escuridão, finalmente bem vinda, abençoada
cortina que nos resguarda do mundo.
o nosso espaço. não falemos.
abismo gravítico, é o que és, e caio de novo em ti
como se os teus braços me amparassem a queda,
como se os teus braços me amparassem a queda,
estonteante tocar de eternidade,
caio de novo em ti.
caio de novo em ti.
sei que vou morrer.
*
Faz-me humana. Imersa,
no calor só nosso
Faz-me sentir, prolonga,
a vontade de sentir
Sê inesgotável, não te circunscrevas
a um momento de disparos caóticos,
momento de sentidos cegos de tanto sentir
Porque uma vez morri.
Resgata o que houver,
e amanhã partirei em paz.
MF
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