HUMANO
ele diz que engana o mundo lá fora com sorrisos
e que morre todas as noites,
sem poder ver a lua que emana a luz na madrugada
diz que na sua cabeça vivem mortos e esconde-se
nos becos lamacentos de vis ruas, barricando-se
com evasivas e blocos de silêncio que obstruem
as estradas até aos lagos de dor onde ele se banha,
vencido, embaciados olhos fitando o breu
- é atroz amares esse sorvedouro,
quando chamam por ti,
eu chamo por ti, desta forma,
mesmo sabendo que não me ouves
submergido no teu silêncio;
estou quase a dizer-te adeus...
são gloriosas estas epopeias subtis de encontro
à tua Pandora, gloriosas, mas mortais
viajei até aos confins das Palavras e só achei
uma tábua inscrita - " Não há Palavras. "
- Não há palavras para ti...então aceno-te de longe,
sem palavras,
aceno-te de longe,
fecho os olhos e envio-te o conceito de adeus,
amordaçada a raiva de te calares diante mim
quando eu viajei tão fundo apenas para te tocar,
e desviar-te três milímetros além do teu posto
para que visses o céu que eu estou a ver neste momento
três milimetros,
tão quase,
desvia-te só um pouco,
Acorda,
mexe-te,
larga as facas,
acende a luz,
limpa as estradas,
é titânico, eu sei,
mas esse lago é abismo e deste lado estou eu,
separados apenas por um vidro,
dou pancadas e grito,
estou quase a ir-me embora
derrotada,
as últimas palavras:
amor
espero
ver-te
Acordar.
MF
to pb
Sebastian Plano - https://www.youtube.com/watch?v=nzmXQIXV6h0
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