"Julia transmitia a mesma sensação, ali sentada ao piano, de esguelha, a sorrir. "Está no campo, está na vidraça, está no céu...toda a beleza; e eu não lhe posso tocar, e eu não a posso ter...eu", parecia ela acrescentar sempre que cerrava o punho, " que a adoro tão loucamente que seria capaz de dar a vida para a possuir!" (...) apertava a flor com volúpia; apertava-a naquelas mãos macias e magras, cobertas por anéis de pérolas transparentes. A pressão exercida pelos dedos de Julia Craye só parecia aumentar tudo o que de belo existia na flor; era como se esta se tornasse mais viva, mais fresca, mais imaculada. (...) Apesar de segurar a flor e de a apertar, Miss Craye não podia estar mais longe de tirar prazer daquele gesto."
Virginia Woolf, "Momento de plenitude"
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