sexta-feira, 31 de julho de 2015



[ESCRITA AUTOMÁTICA]


Diane Tremblay - the boy


*

Trago o fogo pela cintura. Amasso o tempo e pereço a tempo de ir. Como gostava de poder dizer por inteiro os pedaços caídos em desuso na sua febre de serem mais. Podia criar e viver para sempre, nas nuvens de sonhos e maresias de ninguém. Para sempre amor, para sempre. Podíamos viver nos hotéis e esquecer. Esquecer de voltar. Para quê voltar aqui? Talvez me curasses de querer superar a cada segundo esta pele que me contém. E me contentasse em te beijar e ficarmos até de manhã abraçados, a cidade lá fora sempre rápida e sincera, sempre mãe de histórias e encontros. Não sei se vivo com o presente peso no meu corpo e as melodias, poemas por erguer. É uma perpétua insónia que carrego. Não durmo. Quero a minha alma e o meu corpo no seu auge. Íngreme é a escada que discorro nas horas paradas. Permitam-me vislumbrar além do que não se pode ver. Sou pequena mas permitam-me um cego clarão inesquecível. Viverei na vertigem desse fulminante raio, na ignorância atroz de quem esteve lá e não conseguiu guardar um entendimento prolongado.


MF



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