pergunto-me se sabíamos...
- o quê?
- O toque do primeiro beijo sem nos beijarmos. É a eterna discussão entre os racionalistas e os empiristas: estes últimos dizem que apenas podemos ter ideia de algo que foi experienciado, que nos causou uma "impressão". Os racionalistas afirmam, pelo contrário, que todas as ideias encontram-se já em nós desde que nascemos, em estado latente, e que tudo o que pensamos ser inédito e desconhecido até então, não passa de uma ilusão: É um processo de recordação e não de criação de conhecimento. Recordo então a ideia do que é estar apaixonada pela primeira vez ou a ideia da sensação de ler algo belo?
Sentindo conheci a Beleza ou sentindo recordei-A ?
Oh a sensação de ler um grande poema ( inédito espanto que camufla uma recordação?) ... daqueles que enlevam o espírito até ao zenith, onde este paira alguns segundos maravilhado num éter sensacional de toda a dor e alegria humanas, o condensar de todos os beijos, de todos os encontros, despedidas, nascimentos e mortes desde sempre e para sempre, no eterno retorno. O espírito enche-se, nesse desnudar virgem e encontro com as ondas multi-sensacionais. Enche-se, para esvaziar-se de novo e descer à terra, ao seu sono semi-desperto. Apenas constata que viu a Beleza, um perfil dela pelo menos. Esta aportou levemente na alma por breves instantes, encaixou-se e entranhou-se na carne como se desta fizesse parte intrinsecamente. Sentirá vontade de voltar a ler o poema, mas jaz na memória a percepção de cada verso de modo que estes já não imprimem de novo o seu fulgor primordial. Assim são os beijos e tudo o resto. Por isso corremos incansavelmente em busca de novas sensações que exaltem de novo o corpo e o espírito, para que pairemos além de nós num entendimento sem palavras do ser a ser. Aqui entram as experiências limite, o supersónico pernicioso, as drogas, a cegueira de querer sentir e a incapacidade de nos esvaziarmos daquilo que já sentimos e permanentemente se compara a cada sensação, como modelo incansável. Aqui entra o incontornável peso da nostalgia. Pergunto-me se carrego a primeira vez que senti o mar. Tudo me parece insuficiente no coração viciado.
Sentindo conheci a Beleza ou sentindo recordei-A ?
Oh a sensação de ler um grande poema ( inédito espanto que camufla uma recordação?) ... daqueles que enlevam o espírito até ao zenith, onde este paira alguns segundos maravilhado num éter sensacional de toda a dor e alegria humanas, o condensar de todos os beijos, de todos os encontros, despedidas, nascimentos e mortes desde sempre e para sempre, no eterno retorno. O espírito enche-se, nesse desnudar virgem e encontro com as ondas multi-sensacionais. Enche-se, para esvaziar-se de novo e descer à terra, ao seu sono semi-desperto. Apenas constata que viu a Beleza, um perfil dela pelo menos. Esta aportou levemente na alma por breves instantes, encaixou-se e entranhou-se na carne como se desta fizesse parte intrinsecamente. Sentirá vontade de voltar a ler o poema, mas jaz na memória a percepção de cada verso de modo que estes já não imprimem de novo o seu fulgor primordial. Assim são os beijos e tudo o resto. Por isso corremos incansavelmente em busca de novas sensações que exaltem de novo o corpo e o espírito, para que pairemos além de nós num entendimento sem palavras do ser a ser. Aqui entram as experiências limite, o supersónico pernicioso, as drogas, a cegueira de querer sentir e a incapacidade de nos esvaziarmos daquilo que já sentimos e permanentemente se compara a cada sensação, como modelo incansável. Aqui entra o incontornável peso da nostalgia. Pergunto-me se carrego a primeira vez que senti o mar. Tudo me parece insuficiente no coração viciado.
MF
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