terça-feira, 20 de outubro de 2015





"(...) Os minutos escorrem desde sempre e para toda a eternidade e minto-nos se disser que estou em paz porque não sou ave. Pressinto a canção da montanha mas não lhe ouço o silêncio cheio que equilibra as navalhas e lhes embota as extremidades prontas. Ressumbra e assoma o tempo de encontro a este corpo. Ainda sonho com um regresso, ainda sonho com os tectos sem fronteiras trajados de estrelas e a leveza do não corpo, a destruição de todos os espelhos baços e das agulhas inconstantes enlouquecendo a pele. "


17.07.2015


Tentei transmitir a ideia de que tento ouvir atentamente os sentidos, as canções naturais, a Verdade, mas não ouço o que realmente importa que está contido, imagino, numa espécie de iluminação do Silêncio - nesse momento, as navalhas do pensamento que me corroem, e todas as coisas com que me firo, seriam equilibradas, as extremidades deixariam de ser afiadas para me poderem ferir. O tempo é outra coisa que me fere, goteja sobre os meus ossos e enche-me de nostalgias, só penso em regressos, e quanto mais regresso mais penso que tem de haver o regresso último - é aqui que entra o misticismo, o platónico - o universo, o sideral, a leveza de não ter corpo (que contraria outros textos em que quero ter corpo para sentir) e a destruição de todos os espelhos que me enviam falsas imagens de mim, bem como de todas as " agulhas/navalhas" que me ferem.



MF







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