"(...) Os minutos
escorrem desde sempre e para toda a eternidade e minto-nos se disser que estou
em paz porque não sou ave. Pressinto a canção da montanha mas não lhe ouço o
silêncio cheio que equilibra as navalhas e lhes embota as extremidades prontas. Ressumbra e assoma o tempo de encontro a este corpo. Ainda sonho com um
regresso, ainda sonho com os tectos sem fronteiras trajados de estrelas e a
leveza do não corpo, a destruição de todos os espelhos baços e das agulhas
inconstantes enlouquecendo a pele. "
17.07.2015
Tentei transmitir a ideia de que tento ouvir atentamente os sentidos, as canções
naturais, a Verdade, mas não ouço o que realmente importa que está contido,
imagino, numa espécie de iluminação do Silêncio - nesse momento, as navalhas do
pensamento que me corroem, e todas as coisas com que me firo, seriam
equilibradas, as extremidades deixariam de ser afiadas para me poderem ferir. O
tempo é outra coisa que me fere, goteja sobre os meus ossos e enche-me de
nostalgias, só penso em regressos, e quanto mais regresso mais penso que tem
de haver o regresso último - é aqui que entra o misticismo, o platónico - o
universo, o sideral, a leveza de não ter corpo (que contraria outros textos em
que quero ter corpo para sentir) e a destruição de todos os espelhos que me
enviam falsas imagens de mim, bem como de todas as " agulhas/navalhas" que me ferem.
MF
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