terça-feira, 17 de maio de 2016




2:57h

Irei saber o que se oculta por detrás do mundo. E do verdadeiro, inaudito silêncio. Profuso, sanguíneo, expandido, entre cada interstício de sombra até falar, cristalino. Espero silêncio assim, sentido mudo, sentido. Espero que a própria espera adoeça no cansaço de esperar e que venha falar-me das coisas que perdi e perco ainda em espera. Espera de sentir. Espera de sentido. Esperem por mim, ela grita às vezes, atrasada nas malhas que desfaz todas as noites. Esperem por mim que eu serei, eu serei quem sou. Eu serei quem sou.



*


É noite e escrevo sem música. Escrevo para absolutamente ninguém e toda a cavidade quase se preenche de qualquer coisa na verdade nula. Só a vida. Só a vida poderia dar de beber aos espaços. A esses espaços lesados de tão sozinhos há muito.


Eu olho para trás e vejo todos os fogos que abandonei, ora cegavam ora doíam na comparação com outros fogos, ora doíam de queimar tão perto e num só ato, por inteiro, perto de uma estátua que não se ateava. Ela era uma estátua. E a pedra chorava. Sem lágrimas de ver queimar sem ser calor conjunto. 



*



Eu volto até a mim até voltar de novo.


MF

Sem comentários:

Enviar um comentário

  [Serás humano até ao fim] caminhas tocando as paredes numa divisão obscura os caminhos múltiplos, as escolhas pressionadas por um tempo de...