domingo, 15 de maio de 2016



cartaumpoema

hoje de manhã olhei-me no espelho e vi os meus olhos assim tão puros
puros como não os sabia há muito
puros, olhos de criança, da criança que fui e ainda sou, algumas manhãs
leve e quase vazia de memória
e soube que hoje te mereço porque tenho os olhos, o coração assim tão puro
e parece que foi ontem, foi mesmo ontem, que te olhei como se nunca antes te tivesse visto
o sangue correu e nutriu recantos esquecidos de mim
esta manhã, agora, mereço-te
mas que posso eu dizer sobre amanhã?
viste-me os olhos com que te olhei ontem e o que não disse estava lá
e eu gostava de saber se o que vi nos teus era de ti ou foi pintado pelo que quis ver

                                                                                                                                       -   amor.

leio Gibran agora,

"O amor dá-se apenas a si mesmo e nada recebe se não de si próprio.
O amor não possui nem quer ser possuído.
Porque o amor se basta de amor.
Quando amardes, não deveis dizer está no meu coração, mas antes, no coração de Deus.
E não penseis que sois vós quem orienta o rumo do amor, pois, se vos achar digno, será o amor que conduzirá o vosso caminho.

O amor não tem outro desejo que não realizar-se a si mesmo. "


Nunca serei de ti, nunca serás de mim, e isso é belo. Ontem - contento-me quase com dias assim.
Dá-me apenas as mãos por agora.


MF





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