sábado, 25 de junho de 2016




12h04.




a minha felicidade é um equilibrista amputado.

ferem-me- o passado que desenterro. a casa ser vazia de flores. esta casa não ser casa. e a interna casa transmigrar nos dolorosos ciclos em que me vejo e não me vejo aérea. mas com medo. mas contida. espectadora. erro a mais a pintura. cesura pálida com pálidas, vagas respostas, para a desmaiada figura que incorporo

ontem as multidões dançavam nas ruas polifónicas e no céu estoiravam fogos de artifício
e eu não ouvia os amigos à minha volta. (porque saí?)

entendo derrotada que tudo volta, volta tudo o que não devia voltar
volta o olhar agudo sobre a minha própria imperfeição. voltam os gritos na minha casa e a memória daquilo que nos partiu o chão.
volta-me a descrença em tudo isto, o meu dessentido de tudo isto, a minha noção de erro e grades e choro agora (somente uma lágrima que escorreu)

eu disse um dia que era corajoso sentir e que sentir era tudo pois aqui é onde se sente.
mas agora sou um lugar simultâneo de fúnebre sentir e não sentir

e penso em armas contra as têmporas numa abstração que não levo até ao fim. eu páro de entreter essa ideia que finda no contato do frio cano contra a pele. porque eu sei (choro rios agora) - não quero. nunca quis - morrer. (tenho tanto medo de sair daqui sem vida). quis um abraço que me curasse e dissesse és humana. e aceitar isso dentro de mim nas suas fraquezas, impotência animal, imperfeição basal.

Porque entramos todos aqui com a mesma herança
mas alguns pesos são excedentes. involuntários, acidentes. outros, talvez erros da percepção ( e tiros na inocência).



MF










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