quinta-feira, 1 de setembro de 2016
se me tocasses o pulso verias
a palpitação de um sangue mais que humano
velado às vezes por uma sombra,
que está cá para nos obrigar
a vir à tona.
a sombra só nos quer ver abrir em flor
até ao tecto mais alto da pureza
cada recanto cego impulsionado para a luz,
-um anjo.
nascido das farpas,do amor, da terra,
da luz, da treva.
*
se eu chorasse pergunto - se também me verias
com o coração feito de céu, e as pernas atoladas na terra
o anjo atrás do vidro fitando-me com o meu próprio rosto e corpo
o vidro inquebrável através da força
e da matéria do ar segundo a paciência e o amor
não se passou tempo nenhum, vês nos seus olhos,
nos teus,devolvidos pelo espelho dessas vezes
(e perguntas e sabes que és ainda a tua criança ou um anjo)
mas estás estranhamente deambulando,
procurando saber, se também há flores na sombra
e então se a sombra é outro tipo de luz
capaz de te unificar noutra coisa que não um anjo
e que abraça o mundo inteiro.
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