terça-feira, 18 de julho de 2017




Memorandos Julho


13 de Julho:

Antes sequer de me tocares és
-o meu paraíso mais humano.

17 de Julho (madrugada):

Vai-te doer tanto - a memória
mas fecha os olhos - no quarto escuro das essências
que vês nele que aprendas? que vê ele que transcenda? o corpo...)
não entendes? a pergunta última - se faríamos também amor - com as essências
mesmo o teu olhar é ainda corpo, é ainda rosto
quão cegos estamos, pelo corpo?

*
Amor, preciso de ficar sem ti para criar (em som) - o palácio triste da tua ausência
Amor, (às vezes) és tudo o que deturpa o meu espírito
a incompreensão de ti, a sede de ti
Amor, tenho tanto medo de só sermos corpo
(o espírito em mim apagado pela carne)
Amor, ver-me ias sem corpo? com os olhos doutro rosto, o Invisível em mim?
 - as perguntas que faço, a profundeza que assisto, o cristo em mim, o demônio em mim, a criança em mim
ninguém compreenderá, Amor?
Então talvez fique sem ti porque me doa essa ausência inocente de ti além corpo.
Amor, só tens sono, cansaço, perto de mim? Amor, tens a memória do início do (nosso) amor?
 - agregado desconexo de memórias sempre pontilhado, atravessado, por uma lágrima
tom de lágrima que nunca viste, tom de lágrima que aponto com as palavras. Inexistente metáfora. (Quão mais é inexistente nesta viagem? Só dentro a intuição, a sinestesia, o carrossel de poesia?)
Deus sabe - como te agarrei algumas noites. Tu sabias? Enquanto o fazia, tu estavas em nós ou sempre em ti?

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